As casas de abrigo feministas em Portugal: a perspectiva da equipe técnica

AutorYolanda Rodríguez-Castro; María Jose Magalhães; Patricia Alonso-Ruido
Cargo del AutorProfessora Contratada Doutora Universidade de Vigo, Ourense, España/Professora Auxiliar Universidade de Porto, Porto, Portugal/Posdoutoral Universidade de Vigo, Ourense, España
Páginas688-702
688
As casas de abrigo feministas em Portugal: a
perspectiva da equipe técnica
Yolanda Rodríguez-Castro
Professora Contratada Doutora
Universidade de Vigo, Ourense, España
yrcastro@uvigo.es
María Jose Magalhães
Professora Auxiliar
Universidade de Porto, Porto, Portugal
mjm@fpce.up.pt
Patricia Alonso-Ruido
Posdoutoral
Universidade de Vigo, Ourense, España
patriciaruido@uvigo.es
Introdução
O movimento feminista foi a principal força política que pressionou para colocar
o problema da violência contra as mulheres na agenda das políticas públicas e sociais.
Chamou a atenção para o fato de que a diferença de gênero se torna em desigualdade e
que as mulheres são vítimas de violência de gênero tanto nos espaços públicos como
nos espaços privados. As feministas colocaram a questão da violência na discussão
política e enfrentaram grande hostilidade da opinião pública, que esta denúncia se
constituía como um desafio à instituição familiar (Amorós & De Miguel, 2005). Sem apoio
do Estado, os grupos de mulheres, muitos deles organizados em grupos de autoajuda e
assentando no voluntariado, construíram abrigos para mulheres em perigo pela violência
dos seus maridos (Magalhães, 1998). Os primeiros abrigos surgem no início dos anos
setenta (1971-72) em Inglaterra e nos Estados Unidos. São respostas autoconstruídas
sem preocupações técnico - científicas, e, com o desenvolvimento deste tipo de
respostas, conseguiram mostrar a importância das casas de abrigo para responder à
violência doméstica. Este tipo de respostas as mulheres vítimas de violência não era,
todavia, consensual no seio do movimento feminista (Ryan, 1992; Tavares, 2008). A
perspectiva liberal argumenta, sobretudo, a favor da mudança da lei para defender as
vítimas de violência e responsabilizar os agressores, considerando que a mudança na lei
seria suficiente para a alteração dos comportamentos (Farganis, 1994). Por seu lado, a
perspectiva marxista considerava que as mulheres eram vítimas por falta de autonomia
financeira, sendo que a integração das mulheres no mercado de trabalho conduziria
necessariamente à sua independência e, portanto, à sua capacidade de se livrar da
violência. Mais ainda, esta perspectiva considerava que a causa da violência fundamenta-

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