Para combater a desigualdade social não basta educar. Empreendorismo social como sistema de oportunidades

AutorRui Teixeira Santos
Cargo del AutorAssociate Professor at ISG Business School. (Instituto Superior de Gestão). Universidad Lusófona
Páginas69-75

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Ver Nota1

O sistema de oportunidades é crítico para que se possa aproveitar a geração mais bem formada na Europa. Mas com a recessão e a política de austeridade implementada nos Países da Europa do Sul e na Irlanda, dificilmente que criam oportunidades para absorver os jovens que saem das universidades, persistindo assim, por exemplo, em Portugal, os níveis de desigualdade social. Em nosso entender, em países como Portugal, terá que ser por via doempreendorismo social que, na próxima década, se vão incrementar as políticas para combater a desigualdade social e aumentar o nível de sustentabilidade e coesão sociais.

No contexto de uma enorme desigualdade social, o empreendorismo social é um dos poucos instrumentos para a criação de oportunidades de emprego. Como se verifica em Portugal, a persistência da desigualdade social demonstra que o problema não é conjuntural. Não foi a crise económica, nem o PAEF – Programa de Apoio e Estabilidade Financeira, negociado com a Troika, que aumentou a desigualdade social. Pelo contrário,

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a desigualdade social tem-se mantido ao logo da última década em níveis mais ou menos estáveis, apesar do aumento do nível e vida.

Pedro Magalhães2faz o levantamento dos dados sobre a desigual-dade social e compara Portugal, Espanha, Grécia, Itália, Chipre, e Irlanda (até 2011) –todos países em ajustamento orçamental, nalguns casos extremamente elevado, nomeadamente entre 2011 e 2013. A estes juntou nos gráficos, também, a média dos 27 países da UE.

No gráfico 1 comparou países e anos, em termos da percentagem da população, que estão em risco de pobreza ou exclusão social, ou seja, que: (1) vivem com um rendimento (depois de transferências sociais) inferior a 60% da mediana; ou (2) que vivem numa situação de grave privação material (não conseguem pagar pelo menos 4 de 9 itens essenciais de consumo); ou ainda, (3) que vivem num lar com muito baixa intensidade de trabalho.

Eis os resultados a que chegou:

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Em todos estes países, a percentagem de pessoas nestas condições começa a aumentar em 2009 (Irlanda), 2010 (Espanha, Chipre) ou 2011 (Grécia, Itália), não voltando a descer até ao ano mais recente (2012). Ou melhor: todos, não. Em Portugal não foi assim. Desde 2006, a evolução não tem tendência clara, e o valor de 2012 (cerca de 25%) é próximo do que se verificava em 2006 e está pouco acima da média dos 27 países da UE.

A figura 2 concentra-se num dos indicadores usados para estimar a percentagem de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social, o da «severa privação material«.

Neste caso verificamos a mesma tendência. Espanha distingue-se aqui por ter valores inferiores aos dos restantes países, mas mesmo assim passou de 4.1% em 2006 para 5.8% em...

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